domingo, 28 de julho de 2013

Samba, Política e Cerveja

Acelerado, realizador e explosivo, Eduardo Paes sua a camisa, marca seus secretários sob pressão e vive suas grandes paixões.

A maior delas é ser prefeito do Rio de Janeiro
Luiz Maklouf Carvalho Os contratos entre a prefeitura e a Fundação Roberto Marinho, que não tem fins lucrativos, são de R$ 64 milhões, no MAR, e de R$ 29 milhões, no Museu do Amanhã, o impressionante e desafiador projeto concebido pelo arquiteto espanhol Santiago Calatrava, em construção, por 400 trabalhadores, no píer quase em frente.
O MAR, que também será uma escola de arte, já recebe, em média, 2 mil pessoas por dia. Seu acervo tem coleções valiosas. O teto de concreto, em forma de onda, como que une dois prédios de estilos completamente diferentes. Quando foi inaugurado, em março, houve críticas quanto à necessidade de mais um museu, quando o Rio já tem dezenas de outros, alguns esquecidos. "Tudo bad mood!", diz Paes. "Críticas são do jogo democrático", afirma Hugo Barreto, presidente da Fundação Roberto Marinho.

 Paes odeia ser contrariado quando está convencido de ter razão. Não é raro que perca as estribeiras. Tem pitis desde os tempos da PUC. Contou, divertindo-se, do "trauma da infância", que encerrou sua pretensão de ser cantor. Apresentava-se num show da faculdade, prestigiado pela família e pelos amigos. "Está desafinado", disse a professora de violão que o acompanhava. Recomeçaram, ela voltou a reclamar. "Se você reclamar de novo, vou jogar esse microfone em você", disse Paes a ela, segundo suas próprias palavras (aqui, já livres do baixo calão). A professora parou novamente. "Aí peguei o microfone, joguei em cima dela e saí do palco. Ali se encerrou minha carreira artística. Ali desisti de ser cantor, para alegria do povo e felicidade da política."
"Ele já me atirou um grampeador", diz Pedro Paulo Carvalho Teixeira, o secretário da Casa Civil. "Em mim, ele jogou um cinzeiro", afirma Alexander Costa, o secretário de Ordem Pública. "Mas não é por mal", dizem ambos. "Logo depois, ele faz as pazes." O deputado tucano e amigo Carlos Sampaio também registra esse lado. "Ele é mesmo esporrento, mas logo se arrepende", diz. "Já vi ele dizer "Pedro Paulo, eu te amo", logo depois ter mandado o Pedro Paulo à m..." Na avaliação de Sampaio, Paes já melhorou muito. "Uma vez ele me disse, brincando, felizmente: "Carlão, eu mudei. Antigamente, quando eu dava bronca, tinha muita vontade de matar as pessoas. Agora, não quero mais matar"." Sampaio é daqueles que acham que Paes um dia será candidato a presidente da República, lá por 2026. "Não se pode interromper uma carreira política com esse viés", afirma.
O vereador Guaraná assistiu, no capítulo dos pitis, a um dos piores momentos do lado B de Paes. Foi depois da derrota na eleição para governador, em 2006. Estavam no escritório da vereadora Andrea Gouveia Vieira, então no PSDB, como Paes. Andrea o criticou, por não ter apoiado a candidatura de Denise Frossard, mas a de Cabral. Paes não gostou. Ela reafirmou, ele impacientou-se e, de repente, explodiu. "Vagabunda!", gritou, estabanado, entre outros impropérios. Abalada, aturdida e sem conseguir silenciá-lo, Andrea mandou que Paes saísse. Guaraná o levou. Paes já estava arrependido - e passou algumas semanas pedindo desculpas. Seu pai e sua mãe ajudaram, o marido de Andrea também, e, por fim, ela relevou. Em seu primeiro mandato de prefeito, Andrea, vereadora de já dois mandatos, foi uma adversária tenaz. "Sei que ele trabalha, que está fazendo obra em cima de obra. O problema, além do autoritarismo, é que os projetos são equivocados", afirma. Nas eleições do ano passado, que Paes ganhou no primeiro turno, ela não quis concorrer ao terceiro mandato na Câmara e apoiou o candidato Marcelo Freixo, do PSOL, que ficou em segundo lugar.
Paes não tem muito jogo de cintura para ouvir desaforos em público. Sampaio conta que amanheceram, uma noite do Carnaval do ano passado, tomando café no Copacabana Palace. Um cidadão se aproximou, cochichou alguma coisa no ouvido de Paes e voltou para a mesa em que estava. "Só vi quando ele foi atrás, dizendo um monte de desaforos", diz Sampaio. "Tivemos de acalmá-lo." Na madrugada do último dia 25, não deu tempo de contê-lo. Paes jantava com a mulher e amigos num restaurante do Jardim Botânico. Saiu do sério com as repetidas ofensas do músico e escritor Bernardo Rinaldi Botkay, que ocupava uma mesa próxima. Paes o agrediu, aos socos. Depois, emitiu uma nota oficial se desculpando.
(...)

 A Vitznau International Corporation e a Conval Corporation são propriedade de Valmar Souza Paes (pai de Eduardo), Consuelo da Costa Paes (mãe) e Letícia da Costa Paes (irmã). Foram registradas no dia 18 de junho de 2008 no paraíso fiscal da República do Panamá. Ao ser questionado sobre as duas empresas, Paes responde: "Nenhum problema. Estão declaradas no Imposto de Renda deles". Ele não autorizou ÉPOCA a falar com seus familiares. "Do ponto de vista da ética, não existe nada de sólido contra mim", diz.


Não consigo a administração que ele consegue. Ronnie é um fenômeno". "Welcome to the paradise! (bem-vindo ao paraíso!)", diz Paes ao entrar na casa da Gávea Pequena, onde mora com a mulher, os dois filhos e mais um batalhão de empregados que administram a bela, bucólica, agradável e trabalhosa residência oficial. O bar, próximo à piscina, é o lugar preferido em seus poucos momentos de descanso. "Aqui, pode faltar leite para as crianças, mas cerveja para o prefeito não falta", diz ele, animado, mostrando a geladeira cheia, com a marca belga de sua preferência. Dona Cris chega, com as crianças. Tem 37 anos, mas aparenta menos. E fácil ou difícil administrar Eduardo? "Muito difícil", diz ela, entre beijos e abraços.
 

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